segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Putin acusa EUA de iniciarem nova corrida armamentista

Em um discurso de despedida no qual fez um balanço de seus oito anos de gestão, o presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira (8) que uma nova corrida armamentista mundial está em curso e que a Rússia vai desenvolver equipamentos bélicos de alta tecnologia em resposta às manobras de Estados Unidos e Otan (aliança militar ocidental) na Europa do Leste. "Já está claro que uma nova corrida armamentista está se desenrolando no mundo. Não é nossa culpa, não fomos nós que começamos", disse Putin, arrancando aplausos da platéia, onde se encontrava quase toda a elite política russa.

Durante o pronunciamento no Kremlin, Putin, que está a três meses de deixar o cargo, disse que os "países industrializados" gastam muito mais do que a Rússia em novas armas, obrigando Moscou a sempre responder com a adoção de "decisões equivalentes". “Na realidade, nós somos forçados a retaliar, a tomar decisões equivalentes”, afirmou o presidente russo. “Nosso país tem e sempre terá uma resposta a esses novos desafios”.

Em dezembro, o governo russo anunciou que estava planejando exercícios navais no mar Mediterrâneo e no oceano Atlântico. O país também retomou, em agosto do ano passado, as patrulhas aéreas de longa distância, prática que havia abandonado depois do colapso da União Soviética.

Putin justificou a adoção de uma nova estratégia militar ao argumentar que, enquanto a Rússia desmantela as suas bases militares da era soviética, o Ocidente expande as instalações da Otan para perto de suas fronteiras e os EUA planejam fixar um escudo antimísseis na Europa Central e do Leste. "Nós liquidamos nossas bases em Cuba e no Vietnã. Que tivemos em troca? Novas bases americanas na Romênia, na Bulgária. O escudo antimíssil será mobilizado na Polônia e na República Tcheca". O presidente lembrou que o Ocidente nunca tomou nenhuma medida concreta para dissipar ou responder às preocupações de Moscou sobre o escudo.

Putin também condenou o que chama de tentativas "imorais e ilegais" de outros países de "interferir em assuntos domésticos russos", numa aparente referência aos constantes questionamentos sobre a legitimidade das eleições de 2 de março. A Organização para a Cooperação e Segurança da Europa (OSCE) anunciou que não enviará monitores em protesto contra as restrições impostas por Moscou.

Fonte:http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=32176

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